Lumen Fidei - A luz da fé, assim se intitula a
primeira Encíclica do Papa Francisco que hoje foi apresentada em conferência de
imprensa, no Vaticano. Dirigida aos bispos, sacerdotes, diáconos, religiosos e
religiosas e a todos os fiéis leigos, a Encíclica – explica o Papa Francisco -
já estava “quase completada” por Bento XVI. Àquela “primeira versão” o atual
Pontífice acrescentou “ulteriores contribuições”. A finalidade do documento é
recuperar o caráter de luz que é específico da fé, capaz de iluminar toda a
existência humana. Quem acredita nunca está sozinho, porque a fé é um bem comum
que ajuda a edificar as nossas sociedades, dando esperança. E este é o coração
da Lumen fidei. Numa época como a nossa, a moderna - escreve o Papa - em que o
acreditar se opõe ao pesquisar e a fé é vista como um salto no vazio que impede
a liberdade do homem, é importante ter fé e confiar, com humildade e coragem,
ao amor misericordioso de Deus, que endireita as distorções da nossa história.
Testemunha fiável da fé é Jesus, através do qual Deus atual realmente na
história. Como na vida de cada dia confiamos no arquiteto, o farmacêutico, o
advogado, que conhecem as coisas melhor do que nós, assim também para a fé
confiamos em Jesus, um especialista nas coisas de Deus. A fé sem a verdade não
salva, diz em seguida o Papa – fica a ser apenas um bonito conto de fadas,
sobretudo hoje em que se vive uma crise de verdade, porque se acredita apenas
na tecnologia ou nas verdades do indivíduo, porque se teme o fanatismo e se
prefere o relativismo. Pelo contrário, a fé não é intransigente, o crente não é
arrogante: a verdade que vem do amor de Deus não se impõe pela violência, não
esmaga o indivíduo e torna possível o diálogo entre fé e razão.
Se torna, portanto, essencial a evangelização: a luz de Jesus brilha no rosto
dos cristãos e se transmite de geração em geração, através das testemunhas da
fé. Mas de uma maneira especial, a fé se transmite através dos Sacramentos,
como o Batismo e a Eucaristia, e através da confissão de fé do Credo e a Oração
do Pai Nosso, que envolvem o crente nas verdades que confessa e o fazem ver com
os olhos de Cristo. A fé é uma, sublinha o Papa, e a unidade da fé é a unidade
da Igreja. Também é forte a ligação entre acreditar e construir o bem comum: a
fé torna fortes os laços entre os homens e se coloca ao serviço da justiça, do
direito e da paz. Essa não nos afasta do mundo, muito pelo contrário: se a
tirarmos das nossas cidades, ficamos unidos apenas por medo ou por interesse. A
fé, pelo contrário, ilumina a família fundada no matrimônio entre um homem e
uma mulher; ilumina o mundo dos jovens que desejam “uma vida grande”, dá luz à
natureza e nos ajuda a respeitá-la, para “encontrar modelos de desenvolvimento
que não se baseiam apenas na utilidade ou lucro, mas que consideram a criação
como um dom”. Mesmo o sofrimento e a morte recebem um sentido do fato de
confiarmos em Deus, escreve ainda o Pontífice: ao homem que sofre o Senhor não
dá um raciocínio que explica tudo, mas a sua presença que o acompanha. Finalmente,
o Papa lança um apelo: “Não deixemos que nos roubem a esperança, não deixemos
que ela seja frustrada com soluções e propostas imediatas que nos bloqueiam o
caminho para Deus”.
Clique aqui para acessar o texto
completo da Encíclica “Lumen fidei”, no site do Vaticano.
Fonte: CNBB
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